domingo, 31 de outubro de 2010

Luzes, brilhos, fogo, e terror.

Sentado em meu trono, no alto do mundo, um singular assento instalado na ultima plataforma da minha própria versão da Torre de Babel, observo o caos, ironicamente inaudível de onde eu me encontrava. Quando você conquista as nuvens com com uma torre, lá de cima não é só possível ver o mundo ordinário como um todo, mas também o mundo fantástico, o outro lado do véu, e mesmo nesses lugares, antes opacos e desconhecidos, a destruição reinava no meu lugar, explosões, fogo, labaredas, destroços, fumaça, muita fumaça sufocando qualquer ser vivo que ousa-se sobreviver ao massacre.
As naves continuavam a aportar no meu reino, naves estas que meus conselheiros chamavam de carruagens-de-fogo ou rodas da destruição. Eu particularmente fiquei tão extasiado com sua imponência e poder que não liguei pra coisas fúteis como nomes, até porque o meu fim também estava próximo, mesmo que eu sobrevivesse ao assalto não haveria ninguém para governar, e uma vez rei eu necessito de súditos como razão do meu viver.
Senti um tremor subir do chão para meu corpo, provavelmente um dos transportes do fim destruiu algum pilar de sustentação da torre.
Estalo após estalo, tremor após tremor a torre finalmente começou a se inclinar, nunca imaginei em minha vida que um dia agradeceria tanto pelo meu fim estar próximo. E nesse momento tudo pareceu perder a velocidade, lentamente, como se cada segundo durasse o infinto. Abri um sorriso.
Os escombros estavam cada vez mais altos, meu destino cada vez mais perto, ouvi meu coração bater forte pelas ultimas vezes. Meus pulmões, acostumado com o ar rarefeito do topo da torre, mal conseguiam processar as grandes quantidades de vento jogadas pra dentro deles durante minha queda. Eu já encarava o chão, ou pelo menos os destroços que o cobriam, as luzes das máquinas do demônio me davam certeza que pelo menos levaria comigo a honra de não ter me acovardado, sendo o ultimo dos homens vivo, senti a ponta do meu nariz tocar o solo e numa fração de segundo só havia o eco de dor na forma do meu corpo, a escuridão. Como nenhum arrependimento perdurava, também não havia nenhuma esperança. E assim minha consciência se apagou da existência.

sábado, 30 de outubro de 2010

Relato onírico #1

Talvez seja uma previsão do futuro próximo com simbolismos passados, não tenho certeza, só sei que foi intenso a ponto dos meus olhos revirarem mesmo dentro de um sonho.
Registrarei aqui, para posteriormente poder checar.

“Voltava, durante um dia nublado para casa, andando pelas ruas conhecidas do centro da cidade, ia acompanhado, uma figura amistosa, agora que penso minha memória falha, a imagem retida na mente torna-se sem foco e eu não sei definir quem é. Em certa altura do trajeto, indo na direção oposta a vi, radiante naquele, seus cabelos ruivos ondulados, rebeldes, brilhavam contra aquele clima acinzentado, sua pele estava mais branca do que o de costume, parecia feita de porcelana opaca, mas eu conseguia, mesmo a metros de distância, sentir o aveludado do toque. Tive, por um momento, a impressão que seus olhos verdes faiscaram feito jade refletindo a luz do sol forte do deserto. Senti seu perfume único invadir o ar, dificilmente encontraria aquele odor em outro lugar, um coquetel de hidratantes, desodorantes e essências de perfumes e seu próprio suor o constituíam.
A cada passo, cada metro a menos nos olhávamos sem saber como deveríamos reagir, cruzamos um ao outro sem reação e quando a distância se tornou um metro negativa, meio que por impulso, poderia se dizer que as forças da física se aplicaram em especial ao universo que se criou com aquela troca de olhares, nos viramos ao mesmo tempo, prontos pra pedir que esperasse, mas não era necessário.
Novos pensamentos tomaram conta da minha cabeça, 'O que fazer?'; 'Como reagir?'; 'Será que devo mesmo abraçar?', e o que se seguiu foi o abraço mais estranho e desengonçado que eu já dei, mesmo acordado. Nossos corpos mal se tocavam, e eu queria sentir, puxar pra perto, sentir as virilhas se tocando mas não o fiz.
Minha lucidez falhou, não lembro como se sucedeu o resto do encontro, mas a próxima parte justificava que tudo tinha corrido bem, pois aquela garota que antes, e especificamente neste sonho me tirava do eixo, estava acompanhando-me pra casa. E por um momento minha consciência vacilou e eu encontrei o vazio, breu total. E o que provavelmente deveria ser horas na realidade ordinária, passou como longos minutos de escuridão até que como uma televisão sintonizando um canal logo após ser ligada as imagens oníricas retornaram aos meus olhos da mente.
Encontrava-me em casa, ela em como todo que se preze não parecia ser a mesma da realidade, a sala tinha um coxão estendido no meio do caminho, e o cômodo que é o quanto dos meus pais era agora o quarto de minha irmã, parecia ter uma festa acontecendo, sentia o movimento, a presença de muitas pessoas mas não focalizava ninguém, só a vultos.
Descobri que a garota que quebrou meu equilíbrio estava no quarto da minha irmã, quando empurrei aquela porta, me deparei com uma zona, uma bagunça digna do meu feitio. E a ruiva, jogava com minha irmã algum videogame, cena está que não tem lógica agora que penso, cômico também foi ter reconhecido o jogo como do Bob Esponja por causa da música irritante e infantil.
Retornei a sala, onde minha visão ficou estática, como se tivesse olhando a uma foto, via vultos com cores sentados ao meu lado no sofá, eu encarava o coxão e prestava atenção somente aquela música infantil que saia do console no outro cômodo. Tive a impressão de ter ficado horas nesta situação. Tomei ciência que já era noite, não por ter visto as luzes artificiais ou a escuridão lá fora, mas sim por sentir as trevas crescendo.
Dirigi-me ao outro cômodo, e ao abrir a porta, com surpresa encontrei aquela ruiva dormindo, enrolada num antigo cobertor meu, que eu nem sei se existe mais. Brinquei um pouco com seus pés, afim de acordá-la e não sei por que motivo, ao vê-la abrir um dos olhos saí do quarto e fui em direção a sala, e ao olhar pra trás ela vinha em minha direção, usando só uma lingerie preta com detalhes em vermelho que eu tive todos os motivos do mundo para não reparar.
Meus pensamentos insistiam em já sentir com antecedência toque daquelas mãos, daquela barriguinha branca como a neve. Reparava em como aquela pele delicada estava arrepiada pelo frio da noite. Até que aquele corpo grudou junto ao meu e o que se sucederam foram cenas de paixão que não precisam de descrição. Bocas, lábios molhados deslizavam um pelo corpo do outro, línguas dançavam sobre a pele, mãos deslizavam pela cintura, abraçavam forte, pescoços eram mordidos, orelhas eram lambuzadas de desejo, membros se encontravam um dentro do outro, num continuo movimento repetitivo, a tensão subia, o fim era eminente. E para o maior desapontamento que se pode ter em um sonho, fui acometido por um senso de urgência, precisava passar ordens por um rádio dizendo algumas letras do alfabeto grego como código para evitar um explosão gigantesca.
A partir daí o sonho tornou-se confuso e sombrio, fui até a cozinha, olhando pela porta de vidro vi um ser como um fantasma daqueles filmes japoneses de terror e ao abrir a porta, entrou um casal vivo de japoneses declarando serem os novos vizinhos, andei pela casa algumas vezes e vi várias dessas aparições fantasmagóricas, me assustando, fazendo me fugir, criavam-se pausas no terror para encaixar um transa infeliz e sem tesão com aquela garota como em algum filme b de gore.

E assim eu acordei, confuso, cansado, tentando entender.

Letargia mental

Garçom, me vê um copo de lucidez com uma porção de realidade por favor!
Sinto o tempo desacelerar, as cores ficando distantes, o foco sendo perdido. Como uma tontura, isto, uma tontura, só que emocional. Não é de todo ruim, na verdade não é nada ruim, o problema é a falta de ação, a saudade da adrenalina correndo no sangue.
Continuo em stand-by, esperando e esperando sem nunca chegar onde eu quero estar, mesmo sabendo todo o caminho a ser percorrido. Esta fase é como, quando em alguma música agitada há a quebra de ritmo e só a voz do vocal continua, criando tensão e ansiedade para o resto da banda começar a trazer de volta a agitação e alegria.
Mesmo que seja injusto, não-usual, anormal, peço-lhe encarecidamente, me dê um empurrão ou um tapa na cara, diga que estou te perdendo, que estou perdendo o mundo e a vida. Provavelmente vai ser o suficiente pra no mínimo injetar algum ânimo em meu corpo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Mr.Nobody

http://www.youtube.com/watch?v=jzonHDdChho

Este filme é uma experiência única, só posso dizer uma coisa: não se engane pelas sinopses e a maioria das críticas, nenhuma que eu li fez nem ao menos jus ao enredo do filme.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Com alguns dias de atraso, eu não sabia pra onde iria, mas um gatilho, uma garota, abriu espaço para uma descida

Neste momento, ofereço minha visão a você, não que ela valha algo, ou vai fazer alguém feliz.
As imagens vem, através dos meus olhos para mergulhar, aqui, dentro, cada momento, cada movimentos caí no abismo que repousa na minha mente, onde cada vez mais rápido o calor se esvai. A velocidade aumenta, e só a escuridão é encontrada, o vento bate cada vez mais rápido, mais rápido, MAIS RÁPIDO no resquício de consciência. O desespero cresce, me engole sem dó nem piedade, sem raiva, sem amor, se ódio, o desespero não tem culpa, não tem o que eu já tive, ele só precisa de mim para sobreviver, e pela primeira vez, não só o sinto como no habitual, mas também simpatizo com sua fome, com sua vontade de sobreviver nem que isto faça mau à alguém.
Flashes do meu passado, do meu possível futuro, do que eu queria que acontecesse, das pessoas, objetos, situações iluminam como o sol num deserto, por mais que a luz tenha entrado em foco, o calor torna-se insuportável, começo a derreter, a gritar, mesmo sabendo que por de trás dessas imagens só existe o vazio, sem nenhuma ponte mais pra queimar, nem nenhuma base da qual alguma vez meu ser já se edificou.
Sinto o frio percorrer meu corpo, estremecendo cada órgão, cada célula com seu toque suave, e num cintilar de racionalidade em meio a este turbilhão de incoerência e sofrimentos mesquinhos me pergunto de onde vem aquele ar gelado. Olho em volta e sem que eu tivesse percebido as imagens tornaram-se opacas, distantes, como aqueles dramas com fotografia tão bela que você perde o ritmo da respiração.
A admiração dura pouco, cada imagem foca seu filme pra mim, e nelas estão cada um dos meus fracassos como pessoa, cada um dos meus erros como homem, cada decepção que eu fiz as pessoas passar como amante, cada vez que a lâmina fria de uma navalha parecia a melhor solução. E eu choro, não de forma desesperada, pois sinto cada lágrima rolar lentamente, como se cada uma quisesse fazer reverência àquelas cenas, dedicar um tributo a tudo que as deu existência.
Aperto forte meus braços contra meu peito, desejando mais do que nunca, mais do que a própria vida um único abraço sincero e acolhedor, para que eu pudesse, ao menos um pouco me perder na ideia de ser amado.
Nada mais tem valor, a única corrente que me prende neste plano é a mais forte e ridícula de todas, é a simples intenção de continuar, pra que todos esses erros, ilusões e decepções sejam reparados, esquecidos, perdoados. E eu sei, não no fundo mas sim com todo meu ser que isto é impossível, mas eu insisto, persisto errando ainda mais, procurando uma pessoa melhor e mim mesmo, implorando para um deus, qualquer deus que me dê alguém para me acolher e dar um pouco de carinho.
Enquanto o ar gelado e as imagens frias continuam passando, meu corpo permanece a cair no vazio da minha própria virtude, da minha existência, eu me pergunto se meu sonho é grande demais pra ser realizado, se querer ser acariciado na face por uma mão afetuosa pertencente a uma garota carinho numa noite tão fria quanto minha mente, na medida em que nossos corpos aninhados harmonicamente se aquecem com toques e palavras de paixão, em que cada sussurro trás a minha alma om calor morno e a sensação de que o tempo parou.
Chego a conclusão que não, mas não culpo ninguém, sei que é minha insistência em depressõezinhas sem sentido, minha falta de vivência, meu medo de me abrir, a inexistência de qualidades, o extremo nada que eu tenho pra falar, mostrar, e dividir, meu tédio insuportável e meu incrível sentimento masoquista em relação a tudo isto.
A cada conclusão, cada vez que vejo que eu não fiz absolutamente nada de que eu possa me orgulhar, me sinto cada vez mais enterrado neste abismo, que acelera-me na queda, eu já não tenho aquela sensação de que há uma saída, agora só sinto o fundo, lá ao longe, onde provavelmente eu não vou me despedaçar como gostaria, seria fácil demais, piedoso demais pra mim mesmo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Viagem ao fundo do universo ou ao topo dele.

Hoje vou começar um experimento, a partir daqui, nos próximos dias vou embarcar numa nova visão de universo e todo mundo, principalmente meu ego e minhas subdivisões podem acompanhar daqui.