sábado, 30 de outubro de 2010

Relato onírico #1

Talvez seja uma previsão do futuro próximo com simbolismos passados, não tenho certeza, só sei que foi intenso a ponto dos meus olhos revirarem mesmo dentro de um sonho.
Registrarei aqui, para posteriormente poder checar.

“Voltava, durante um dia nublado para casa, andando pelas ruas conhecidas do centro da cidade, ia acompanhado, uma figura amistosa, agora que penso minha memória falha, a imagem retida na mente torna-se sem foco e eu não sei definir quem é. Em certa altura do trajeto, indo na direção oposta a vi, radiante naquele, seus cabelos ruivos ondulados, rebeldes, brilhavam contra aquele clima acinzentado, sua pele estava mais branca do que o de costume, parecia feita de porcelana opaca, mas eu conseguia, mesmo a metros de distância, sentir o aveludado do toque. Tive, por um momento, a impressão que seus olhos verdes faiscaram feito jade refletindo a luz do sol forte do deserto. Senti seu perfume único invadir o ar, dificilmente encontraria aquele odor em outro lugar, um coquetel de hidratantes, desodorantes e essências de perfumes e seu próprio suor o constituíam.
A cada passo, cada metro a menos nos olhávamos sem saber como deveríamos reagir, cruzamos um ao outro sem reação e quando a distância se tornou um metro negativa, meio que por impulso, poderia se dizer que as forças da física se aplicaram em especial ao universo que se criou com aquela troca de olhares, nos viramos ao mesmo tempo, prontos pra pedir que esperasse, mas não era necessário.
Novos pensamentos tomaram conta da minha cabeça, 'O que fazer?'; 'Como reagir?'; 'Será que devo mesmo abraçar?', e o que se seguiu foi o abraço mais estranho e desengonçado que eu já dei, mesmo acordado. Nossos corpos mal se tocavam, e eu queria sentir, puxar pra perto, sentir as virilhas se tocando mas não o fiz.
Minha lucidez falhou, não lembro como se sucedeu o resto do encontro, mas a próxima parte justificava que tudo tinha corrido bem, pois aquela garota que antes, e especificamente neste sonho me tirava do eixo, estava acompanhando-me pra casa. E por um momento minha consciência vacilou e eu encontrei o vazio, breu total. E o que provavelmente deveria ser horas na realidade ordinária, passou como longos minutos de escuridão até que como uma televisão sintonizando um canal logo após ser ligada as imagens oníricas retornaram aos meus olhos da mente.
Encontrava-me em casa, ela em como todo que se preze não parecia ser a mesma da realidade, a sala tinha um coxão estendido no meio do caminho, e o cômodo que é o quanto dos meus pais era agora o quarto de minha irmã, parecia ter uma festa acontecendo, sentia o movimento, a presença de muitas pessoas mas não focalizava ninguém, só a vultos.
Descobri que a garota que quebrou meu equilíbrio estava no quarto da minha irmã, quando empurrei aquela porta, me deparei com uma zona, uma bagunça digna do meu feitio. E a ruiva, jogava com minha irmã algum videogame, cena está que não tem lógica agora que penso, cômico também foi ter reconhecido o jogo como do Bob Esponja por causa da música irritante e infantil.
Retornei a sala, onde minha visão ficou estática, como se tivesse olhando a uma foto, via vultos com cores sentados ao meu lado no sofá, eu encarava o coxão e prestava atenção somente aquela música infantil que saia do console no outro cômodo. Tive a impressão de ter ficado horas nesta situação. Tomei ciência que já era noite, não por ter visto as luzes artificiais ou a escuridão lá fora, mas sim por sentir as trevas crescendo.
Dirigi-me ao outro cômodo, e ao abrir a porta, com surpresa encontrei aquela ruiva dormindo, enrolada num antigo cobertor meu, que eu nem sei se existe mais. Brinquei um pouco com seus pés, afim de acordá-la e não sei por que motivo, ao vê-la abrir um dos olhos saí do quarto e fui em direção a sala, e ao olhar pra trás ela vinha em minha direção, usando só uma lingerie preta com detalhes em vermelho que eu tive todos os motivos do mundo para não reparar.
Meus pensamentos insistiam em já sentir com antecedência toque daquelas mãos, daquela barriguinha branca como a neve. Reparava em como aquela pele delicada estava arrepiada pelo frio da noite. Até que aquele corpo grudou junto ao meu e o que se sucederam foram cenas de paixão que não precisam de descrição. Bocas, lábios molhados deslizavam um pelo corpo do outro, línguas dançavam sobre a pele, mãos deslizavam pela cintura, abraçavam forte, pescoços eram mordidos, orelhas eram lambuzadas de desejo, membros se encontravam um dentro do outro, num continuo movimento repetitivo, a tensão subia, o fim era eminente. E para o maior desapontamento que se pode ter em um sonho, fui acometido por um senso de urgência, precisava passar ordens por um rádio dizendo algumas letras do alfabeto grego como código para evitar um explosão gigantesca.
A partir daí o sonho tornou-se confuso e sombrio, fui até a cozinha, olhando pela porta de vidro vi um ser como um fantasma daqueles filmes japoneses de terror e ao abrir a porta, entrou um casal vivo de japoneses declarando serem os novos vizinhos, andei pela casa algumas vezes e vi várias dessas aparições fantasmagóricas, me assustando, fazendo me fugir, criavam-se pausas no terror para encaixar um transa infeliz e sem tesão com aquela garota como em algum filme b de gore.

E assim eu acordei, confuso, cansado, tentando entender.

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